Caro leitor, que a paz de Cristo seja contigo, oro para que Deus aplique este ensino ao seu coração.
Nos últimos tempos se acentua o número de cristãos fieis que têm sucumbido às tentações pecando e se envolvendo em situações que não prejudicam somente ele, mas envolvem famílias, igreja, ministérios, lideranças e até mesmo levando neófitos e fracos na fé, à apostasia.
Hoje vamos falar um pouco disso, tomando como exemplo o pecado original, quando Eva e Adão, se deixaram levar por meias verdades da serpente, pecando e trazendo sobre todos nós um juízo de morte. Vamos começar então pelo texto.
Gênesis 3
1 - Ora, a serpente era mais sutil do que qualquer animal do campo que o SENHOR Deus havia feito. E ela disse à mulher: Sim, Deus tem dito: Não comereis de toda árvore do jardim?
2 - E a mulher disse à serpente: Nós podemos comer do fruto das árvores do jardim;
3 - mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais.
4 - E a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.
5 - Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes, então vossos olhos serão abertos, e vós sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal.
6 - E quando a mulher viu que a árvore era boa para alimento, e que era agradável aos olhos, e uma árvore a ser desejada para fazer alguém sábio, ela tomou do seu fruto, e o comeu, e deu também a seu marido, e ele o comeu com ela.
7 - E os olhos de ambos foram abertos, e eles souberam que estavam nus; e coseram folhas de figos, e fizeram para si aventais.
V1 – Vemos que a serpente chega como quem não quer nada e puxa assunto, perguntando a Eva se todos os frutos do jardim poderiam ser comidos, mas sabemos muito bem que este não era um assunto desconhecido da serpente. Ao ler o texto tenho a impressão que Eva nem estava pensando em nada disso, certamente estava ocupada com outras coisas, as armadilhas do adversário começam assim, coisas que nem se passavam pela nossa cabeça, de repente começam a ocupar nossa mente.
V2 e 3 – Eva que sabia muito bem da orientação de Deus, explica que de tudo poderia comer, exceto da árvore que estava no meio do jardim, pois Deus o havia dito, ou seja, não há como ter alguma dúvida sobre o conhecimento dela das regras impostas por Deus, ela sabia exatamente qual era a vontade e a ordem de Deus.
V4 e 5 – A serpente conta uma meia verdade para Eva, porque meia verdade? São aquelas coisas que muitas vezes nós dizemos para nós mesmos ou para os outros que não são de todo verdade e nem de todo mentira, mas possuem um pouco de ambos e que tentamos usar como verdade. Qual meia verdade é essa? Vejamos, quando a serpente disse que “certamente não morrereis” era uma mentira e Eva sabia, depois a serpente diz que se o fruto fosse comido “os olhos seriam abertos e Eva seria como Deus conhecendo o bem e o mal” neste ponto a serpente falou a verdade.
Até aqui foi apenas uma contextualização, pois nosso assunto começa verdadeiramente no verso 6, mas antes precisamos nos situar com alguns conceitos importantes. Nós seres humanos podemos ser divididos em três partes: mente, corpo e alma. A mente é a capacidade do cérebro de compilar informações, analisar e extrair conclusões a partir disso, já o corpo é nossa estrutura física, cabeça, tronco, membros e órgãos internos e finalmente a alma, verdadeiro o foco de nosso assunto, é a parte imaterial do ser humano, dotada de existência própria e que subsiste após a morte do corpo. Acho importante também definirmos o que é faculdade, que nada mais é que o sinônimo de capacidade, pode ser natural, nascemos com ela, ou adquirida, aprendemos com educação formal, experiência ou através de outras pessoas com quem convivemos.
A alma possui três faculdades, capacidades, principais, são elas: compreensão, afeto e a vontade. A compreensão faz parte do processo cognitivo, relacionada ao conhecimento, onde é necessário interpretarmos algo, o afeto é nossa disposição por alguém ou por alguma coisa, seja positiva ou negativa, já a vontade é uma força interior que nos impulsiona a realizar algo e a alcançar algo que desejamos.
Vamos analisar os versos 6 e 7.
“E quando a mulher viu que a árvore era boa para alimento ...” – Eva compreendeu, ela entendeu, que o fruto era bom para se alimentar, ou seja, ele se convenceu usando a meia verdade da serpente que o fruto era bom para se alimentar, mesmo sabendo que Deus falara que não era para comer e que a desobediência traria a morte. Sabe quando orientamos um filho para não riscar fósforo, pois brincar com fogo é perigoso e isso não deve ser feito, e de repente vemos o mesmo filho com um isqueiro na mão e ao confrontá-lo ele diz que não falamos nada do isqueiro. Muitas vezes somos assim, entendemos bem o recado, mas usamos brechas, para não fazer daquela forma. Por este motivo que compreender tem tudo a ver com a alma, pois muitas vezes entendemos como queremos de forma a não fazer o que Deus quer.
“... e que era agradável aos olhos ...” – Eva sentiu afeto, ela gostou do que viu, certamente ela viu o fruto diversas outras vezes, mas agora, ela viu de forma diferente, achou interessante, bonito, agradável, se interessou pelo fruto. Aqui vemos novamente que afeto tem tudo a ver com a alma, pois afeto é gostar, não necessariamente de alguém, mas também de algo. Já parou para pensar que algumas pessoas gostam de azul, outras de verde outras de amarelo, umas gostam de um tipo de carro outras de outros, isso acontece, pois, nossa alma define quem somos e o afeto, o gostar está diretamente ligado a quem somos. É importante frisar que muitas vezes não nos afeiçoamos por algo ou alguém de cara, mas as vezes circunstâncias nos levam a isso.
“ ... e uma árvore a ser desejada para fazer alguém sábio ...” – Eva teve vontade de ser sábia como Deus, ou seja, ela teve vontade de comer do fruto, este desejo, certamente fez com que ela ficasse inquieta, com aquele desejo ficando cada vez maior. Quantas vezes queremos algo e aquilo nos consome, pensamos o tempo todo, fazemos conta o tempo todo, olhamos o tempo todo para aquilo.
“ ... ela tomou do seu fruto, e o comeu, e deu também a seu marido ...” – Finalmente ela sucumbe ao desejo, a vontade de comer, pega o fruto come e dá para Adão comer também. Nesse ponto não tinha mais volta, o pecado foi consumado afetando não só Eva, mas seu marido e o resto da humanidade.
Conosco o processo é o mesmo, por este motivo, devemos estar atentos aos sinais e se enxergarmos que estamos indo por um caminho que pode nos levar a sucumbir como Eva e Adão, devemos pedir misericórdia a Deus, pedir perdão pelo pecado, antes que haja algo que prejudique outras pessoas. Digo isso, pois enquanto o pecado está só em nossos pensamentos, somos só nós e Deus, mas quando a vontade se materializa as consequências são muito piores.
Vamos ver alguns exemplos e algumas expressões que apontam o perigo.
Compreensão
- Conversar ou dar muita atenção a alguém do sexo oposto no trabalho;
“ Isso não tem nada a ver! ”
- Liguei para um irmão(ã) falando mal de outro;
“ Só falei a verdade! “
Afeto
- Começamos a achar muito agradável a companhia do(a) colega de trabalho;
“ Não é que ele(ela) é bem bonito(a)? ”
- Começamos a não fazer muita questão de estar perto ou cumprimentar aquele(a) irmão(ã);
“ Não tenho nada contra, só não sou muito chegado nele(a)! “
Vontade
- Começamos a gostar, desenvolver sentimentos pelo(a) colega;
“ Ele(a) é tão atencioso(a), gosto muito dele(a), queria que lá em casa fosse assim”
- Começamos imaginar formas de prejudicar o(a) irmão(ã);
“ Já não aguento mais ver a cara dele(a) na igreja, tenho que fazer alguma coisa “
Consumação do pecado
- Traí minha esposa (meu marido)! E agora!
- Liguei para várias pessoas, distorci uma história sobre o irmão, ele saiu da igreja “
Estes são alguns exemplos e expressões, há uma infinidade de outros, o importante é estarmos atentos aos sinais e nos arrependermos antes que outras pessoas, sejam prejudicadas, por nossas ações